quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Pensamento de um Urubu

Passou um avião...


E um urubu que voava atoa
Disse para si mesmo:


-Burro
São os homens,
Que voam nesses aviões grandes.

São tão burros
Que não perceberam,
que se fosse para voarem
Já nasceriam com asas.



...e o avião sumiu no horizonte...

A Cada Poesia

A cada palavra que escrevo
É uma lágrima que cai dos meus olhos
É uma gota de tédio que me concedo.

A cada verso que escrevo
É uma grama de sentimento que exteriorizo
É uma nova alegria que percebo.

A cada estrofe que escrevo
É uma íntima tristeza que cresce
É uma nova estrofe que almejo.

A cada poesia que escrevo
É um novo abismo que me engole
É um novo inferno que se apaga.

A cada poesia que termino
É um novo suspiro de volúpia
É nova ânsia que brota.

A cada poesia
É um não que digo à vida
E um clamor à morte.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Perpétua Orgia

Cultuo esta planície de fulgida beleza
Onde uma eterna orgia liba o prazer
E alegra meus olhos por me dizer:
"Acalma-te que na tua hora, parte desta orgia tu há de fazer".

Eu,pusilâmine de viver e esperar,
Me encanto com o que meus olhos veêm,
Encanto fatal e trágico como se fosse encantado
Pela doce voz da sereia que encanta o trovador desamado .

Apaixonado!Estou eterno, submerso e apaixonado
Por esta linda visão invunerável
Que pelos meus olhos, perenemente adentraram.

Agora ofereça-me tuas sinceras exéquias
Pois irei,finalmente ,me esbanjar nesta perpétua orgia
De covas,túmulos,fungos e bactérias.




terça-feira, 24 de novembro de 2009

Rosas de Jardim

Nos jardins de ilusão
Passeia um embrião
Condenado a danação

Jardim com rosas,
Rosas despetaladas,
Pétalas de amargura,
Ódio e ilusão.

Rossas decaídas
Com feridas divididas
Entre a espada e a matilha.

Teus espinhos de venenos
Teus desdenhos obcenos
Tua beleza fictícia
A pureza de tua vida
Murche e te limita
A fazer parte desta vida!

sábado, 21 de novembro de 2009

Soneto

Nada mais nutre meu querer
Cansei da vida,cansei do mundo
Existir se torna um fardo absurdo
E a maior vontade que tenho é morrer.

Quero cessar o círculo vicioso que me incluo
Tirar a direção contrária que ponho os outros
Parar todo um sistema de órgãos que é meu corpo
Assim aliviar a dor dos corações que destruo.

Silêncio,este é o cosmo que almejo agora
Isolamento, esta é a casa que quero morar
Esquecimento,este é o lugar exato que preciso.

Chega da cadência desta nobre derrota
Deixe-me tocar a toada do meu sumiço
Deixe-me ir para o lugar onde preciso estar.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Nome Dela

Sei muito-até de mais,Que
Amor por mim não sentes e é
Bom eu saber disto,pois dou mil
Risadas de minha infantil
Inocência. Amar você com o amor
No grau máximo e mais louco
A gritar seu nome a noite

Sensação indecifrável e eufórica,
Ao som do infinito tédio.
Berro em prantos,canto a solidão,
Rasgo o pano sujo da alegria,
Ignoro os conselhos,me escondo
Na sua foto que casa vez me
Assombra e me consola.

Sepultura - isto se tornou meu coração!
A eterna sepultura onde jaz o
Bendito nome dela.AH! malvado nome!
Rompa esses barreiras e me compreenda.
Isso é o amor e ela ainda
Não o conhece.Amor que me faz
Andar e me deixa sempre a gritar o nome dela.




quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Resultado Mortal

Na verdade absoluta
Da agonia emocional
Na cúpula tumbal
Perplexa luta viceral
Carne e bactéria
Se unem ao ideal.

Na cova matreira
Escorre a siva
Da junção natural
Verme e ventre animal!

No cemitério medonho
Os coveiros sepultam o defunto "risonho"
Trancafiado no caixão de veludo.

Ah! Que resultado,
Corpo mortificado
Nos confins do caixão
Resultado engraçado
Carne em putrefação!!!


Cemitério Fantasma

Um dia
Estava eu,num vasto campo,
Comecei a cavar,
Cavei fundo
Para tentar chegar ao inferno,
Não o encontrei...
Só encontrei
Restos de defuntos...
Ah! Eu estava num cemitério.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Umbras Vitae

A marca exata da esistência
É onde termina - fatidicamente
A pergunta derradeira de ontem
Caindo no paradoxo do não-ser
Examinando com cautela,
A meta traçada pelo passado.

As aranhas da parede
Estão me olhando
Isso as mata de tédio
Suas seis pernas sonham,
Sonham com o dia de enrugar-se,
Virar borboletas e dar piruetas.

Desconheço as propriedades da matéria
Uma barra de ferro
Separa o leito confortável
Do espírito ascendente
Que saiu de um ovo esférico
Conhecido por lágrima.

Entorpecido por distúrbios
Pego referência na contra-mão
E volto pela mesma avenida
Que andei,para chegar aqui
No suor do seu rosto ,desperto,
Imaginando a madrugada que se foi.

A madrugada já se foi
E junto com ela eu fui
Meio óvulo,meio espermatozóide,
Gênio das cidades pequenas,
Perna de aranha na parede
Liquidificador liquidificando idéias.



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ter Saudades


Ter saudades!
Ato contínuo da condição humana,
Filosofia dos fracos,
Gênero dramático do teatro da vida.

Ter saudades!
Força dos poetas do século,
Presença no amor
Duas estrofes de saudade

E um verso disperso de dor...

Condições

...se fosse só flores perfumadas
Nada passaria de jardins de ornamento
Se pedras tomassem conta todo momento
Muros grandes se faria com a pedra que rachara
Se faria cidades
inteiras
Para morar misérias
perfeitas!